02 novembro 2006

Só um tipo de dor sai nos jornais


Xico Sá


Acabei de chegar da rodoviária, o mega terminal do Tietê, onde o atraso e os maltratos fazem parte da vida desde a invenção da roda. Fiquei pensando na crise dos aeroportos. Fiquei pensando naqueles depoimentos bem classe média, gente irritada achando que é o fim do mundo. Claro que é chato pacas ficar mofando nos Congonhas e Cumbicas da vida, principalmente com uma caneca de chope a R$ 9, mas, peraí, peraí gente, Procons à parte, vocês precisam andar um pouco de ônibus para saber a real da guerra.Vocês estão muito folgados. Aliás nós todos precisamos ser enviados especias à vida para saber o que passa. Estamos mais perdidos que jornalistas cobrindo eleições, sem noção alguma do que acontece com o que chamamos vulgarmente de povo. Aliás nada mais perdido do que jornalista,né não? É sempre este ser assombrado com os rumos das coisas, porque sempre muito longe do que acontece à vera na vida das gentes. Talvez não exista narrativa mais distante da realidade do que o que se conta na imprensa. Só a dor limpinha da classe média sai nos jornais.

Fonte: www.nominimo.com.br

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