29 setembro 2006

Fotos: a rapa da panela



Por meios ilegais, a mídia conservadora conseguiu fotos do dinheiro que serviria para comprar o dossiê Vedoin/Serra/Barjas Negri. É a ampla coligação de direita para tentar levar o jogo, que já está no fim do 2º tempo, para a prorrogação.




Flávio Aguiar – Carta Maior


Todas as pesquisas de opinião mostram que daqui até domingo Alckmin tem de tirar alguns milhões de votos de Lula e puxá-los para si ou empurrá-los para outros candidatos para ter chance de chegar ao segundo turno. Por enquanto não deu certo.

Agora, chegou a vez de conseguir a rapa da rapa da panela. Para tal operação conseguiram afinal a colher que pediam desde que estourou o caso da armação da compra do dossiê Vedoin/Serra/Barjas Negri, envolvendo petistas de São Paulo.

São as fotos das pilhas de dinheiro, creditadas como sendo as mesmas apreendidas pela PF, que foram repassadas à imprensa por “uma fonte”, provavelmente um funcionário graduado da própria Polícia Federal. O suspeito é o delegado Edmilson Pereira Bruno, o mesmo que prendeu a dupla Gedimar Bastos e Valdebran Padilha. Ele teria fotografado as pilhas de notas com uma câmera particular, segundo Bob Fernandes, do Terra Magazine, durante uma perícia da PF sobre as notas. Depois, procurou superiores para dizer que alguém pegara uma cópia das fotos, o que foi considerado uma encenação. Se comprovada sua culpa, ele poderá ser indiciado por violação do segredo de justiça do processo.

Todo mundo sabe que há uma guerra interna na PF, que há uma republicana e outra “reputucana”, que agiu, por exemplo, na divulgação das fotos de dinheiro obtidas no escritório de Roseana Sarney, em 2002, fazendo sua candidatura naufragar em favor da de José Serra. Pela oportunidade do fim de campanha, a obtenção dessas fotos lembra também a armação de 1989, quando os seqüestradores do empresário Abílio Diniz foram forçados a vestir camisetas do PT, e o partido foi responsabilizado pelo crime, com cobertura espalhafatosa e incriminatória em toda a mídia conservadora nacional. É o que lembra o ministro Tarso Genro em declarações na página do jornal O Globo:

“Isso é uma repetição da camiseta no seqüestro do Abílio Diniz. Uma tentativa desesperada de criar um fato novo. E certamente decorreu de algum tipo de articulação de alguém do PSDB com alguém da PF”, disse ele.

Esta divulgação ilegal, mais o malho no não comparecimento do presidente Lula ao debate na Globo e a retrospectiva ad nauseam do caso da compra (e não do conteúdo do dossiê), são as linhas de força dessas derradeiras tentativas de reverter as intenções de voto até domingo. Se não funcionarem, se transformarão numa camisa de força, desmoralizando um pouco mais os autores da tentativa.

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