22 setembro 2006

O jogo sórdido das eleições


Laerte Braga

Quem tem os assessores que Lula tem não precisa de inimigos. Os caras destroem o que podem e não podem. Dá até para desconfiar do real interesse dessa gente. Deve ser complexo de KGB. Mania de operações secretas, dossiês, cochichos, o esquema soturno e subterrâneo de sempre.

A sorte de Lula é que a Polícia Federal entrou em cena e impediu o golpe armado por José Serra e sua turma. Mas que respinga, isso respinga. Os caras caíram feito patinhos. Onde já se viu "negociar" com a revista ÉPOCA? Máfia Marinho. No mínimo duzentos, trezentos anos de bandidagem. Coisa genética.

Esse esquema de mostrar o dinheiro da corrupção é velho no ninho tucano. Roseana Sarney serviu de isca para a GLOBO arrancar 250 milhões de dólares do BNDES (Banco Nacional do Desenvolvimento Econômico e Social). O dinheiro e a votação em caráter de urgência urgentíssima da emenda que permitiu a entrada de capital estrangeiro nas empresas de comunicação.

Foi em 2002. A rede jogou Roseana lá em cima, via IBOPE, lógico, mais quem? De repente mandou avisar a Serra, o tucano sentiu o drama e FHC pagou a conta.

Queriam repetir agora o esquema. Dois assessores idiotas, bandidos, ou naquela de agradar ao chefe, ou de pegar uma grana por fora, caíram na armadilha e por sorte não foram presos com os milhões sobre a mesa.

O grande detalhe dessa história toda é que José Serra se apresenta vítima de chantagem, extorsão, mas não diz que o empresário Vedoin e o resto da quadrilha foram presos por ocultação de provas.

Que provas?

As da corrupção tucana no Ministério da Saúde, gestão Serra, a farra das ambulâncias. O dinheiro que permitiu ao candidato tucano ao governo de São Paulo exibir "feitos" na área que ficou sob sua responsabilidade.

O negócio é tão simples que esse golpe de nomear amigos do peito para o setor de Saúde virou moda. Em Minas, Aécio Neves pegou o economista Marcus Pestana e transformou em secretário de Saúde. O dito cujo passou três anos e meio comprando mandato de deputado estadual. Comprou prefeitos, vereadores, cabos eleitorais simples, tudo com dinheiro público, aparentemente usado na Saúde.

E isso é o de menos. FHC não pegou a idéia da CPMF (Contribuição Provisória de Movimentação Financeira), originalmente do então ministro Adib Jatene, para financiar a Saúde e transformou em receita para pagar dívida interna e externa?

Dessa vez o golpe se revelou incompleto.

Todo o esforço das organizações GLOBO, da FOLHA DE SÃO PAULO, com toda a certeza no próximo final de semana de VEJA, outros menos votados, tem sido dirigido para tentar encrencar o governo.

Se prestarem atenção irão perceber que tudo começou na tal carta de FHC. Meteu a faca pelas costas em Eduardo Azeredo, que acoitou, quando governador, encontros secretos do ex-presidente. Denunciou a corrupção e...

Tchan, tchan, tchan!

O ato seguinte: José Corrupto Serra indignado e vítima de chantagem e extorsão.

Chantagem e extorsão são materializações do PSDB. Do tucanato.

É privilégio dessa gente.

A turma do PT, os tais assessores, essa é de idiotas, incipientes nos "negócios".

Todo esse aparato lembra aquele lance de John Kennedy sobre Richard Nixon nas eleições presidenciais nos EUA, em 1960. Kennedy espalhou pelo país inteiro um cartaz com a foto de Nixon e a pergunta: "você compraria um carro usado deste homem?" E, embaixo, afirmação: "vigarista".

Que tucano não é?

Dá para comprar um carro usado de FHC? De José Serra? De Geraldo DASLU Alckmin? De Artur Virgílio? De Corruptasso Jereissati? Ou de seus aliados. ACM? Jorge dinheiro limpo Bornhausen?

Turma de pilantras.

O jogo das eleições é isso aí. Os caras vendem ou compram a mãe se der lucro, voto e significar chance de ficar com a chave do cofre.

Têm o controle da mídia.

O que pouca gente percebeu, ou não sabe, é que o grupo Cisneiros, da Venezuela, patrocinador do golpe frustrado contra Chávez em 2002, é um dos mais importantes sócios de VEJA. Parceiro da GLOBO. Da FOLHA.

A tal imprensa independente.

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