Os dossiês e a vontade nacional
Mauro Santayana
Daqui a uma semana, os eleitores brasileiros irão às urnas. Espera-se que a vontade nacional prevaleça. A vontade nacional deve ser a da maioria dos votos dos eleitores. Embora nem sempre ela seja bem aferida no processo, não há outra forma de dar legitimidade ao poder.
Como a busca do poder é um jogo pesado, todas as manobras se fazem para derrotar o adversário. Nisso temos boa tradição. Falsificações de documentos, denúncias falsas, intrigas solertes, têm marcado todos os processos eleitorais brasileiros. Entre outros casos famosos, forjou-se uma carta falsa de Artur Bernardes, então candidato à Presidência, na qual o político de Viçosa injuriava o marechal Hermes da Fonseca. Foi essa falsificação que levou os jovens tenentes de Copacabana ao levante frustrado de 1922. Sob o signo dessa falsificação, Bernardes teve que governar seus quatro anos sob estado de sítio. E quem o ajudou a manter o governo rígido foi exatamente o jurista Sobral Pinto – que foi procurador criminal da República, cargo equivalente ao de procurador-geral de nosso tempo.
Em 1953, a Tribuna da Imprensa, do senhor Carlos Lacerda, iniciava o cerco contra Vargas a partir de uma grosseira falsificação, a da Carta Brandi – na qual um deputado argentino, Brandi, confirmava a João Goulart entendimentos entre os peronistas e os trabalhistas, a fim de instalar uma república sindicalista no Brasil. Depois de exaustivas investigações, um Inquérito Policial Militar, conduzido pelo general Maurel Filho, conclui que o documento era falso. De denúncias em denúncias, Getúlio se viu acossado no Catete e foi levado ao suicídio.
Esvaziava-se, com os novos depoimentos colhidos pela Polícia Federal, a importância do chamado dossiê contra José Serra, mas não se arrefecia o ânimo destrutivo da oposição. Sexta-feira, quando redigíamos estas notas, circulava a informação de que, neste fim de semana, uma revista de circulação nacional traria mais denúncias contra o governo. Conta-se com a exigüidade de tempo para que os fatos não se esclareçam devidamente, e que a dúvida leve o pleito ao segundo turno. Estão colocando mais lenha na fornalha, o que não é o melhor que se pode fazer pelo país. Seja uma afoiteza de militantes do PT, seja complexa manobra de contra-informação dos oposicionistas, o fato deve ser exaustivamente investigado. Há muito mistério ainda a desvendar. Como informou a Folha de S.Paulo, o dossiê foi oferecido, ao mesmo tempo, ao PT e ao PSDB – e isso é mais do que estranho. Há ainda a informação de que o próprio Vedoin teria informado a Polícia Federal da existência do esquema.
Os poderes de fato tiveram, no Brasil, o seu momento mais alto entre 1995 e 2003, quando se acentuaram, em seu favor, as desigualdades históricas. Alguns meios de comunicação e círculos acadêmicos se uniram aos grandes interesses econômicos, estrangeiros e nacionais, para consolidar seu domínio sobre o Estado. Renunciamos ao nosso caminho e optamos por obedecer aos centros do poder econômico mundial. Os donos do mundo, livres do medo do socialismo, com a Queda do Muro de Berlim, se dispuseram a retornar ao velho regime do liberalismo do século 19, cujo programa é o de acabar com todos os direitos dos trabalhadores, reduzir os salários ao mínimo possível e saquear as riquezas das nações.
Se o governo a ser eleito será melhor ou pior, é outra discussão. O que a oposição deve entender é que a democracia se exerce assim, com votos, e não com chicanas jurídicas e conspirações golpistas.
Como a busca do poder é um jogo pesado, todas as manobras se fazem para derrotar o adversário. Nisso temos boa tradição. Falsificações de documentos, denúncias falsas, intrigas solertes, têm marcado todos os processos eleitorais brasileiros. Entre outros casos famosos, forjou-se uma carta falsa de Artur Bernardes, então candidato à Presidência, na qual o político de Viçosa injuriava o marechal Hermes da Fonseca. Foi essa falsificação que levou os jovens tenentes de Copacabana ao levante frustrado de 1922. Sob o signo dessa falsificação, Bernardes teve que governar seus quatro anos sob estado de sítio. E quem o ajudou a manter o governo rígido foi exatamente o jurista Sobral Pinto – que foi procurador criminal da República, cargo equivalente ao de procurador-geral de nosso tempo.
Em 1953, a Tribuna da Imprensa, do senhor Carlos Lacerda, iniciava o cerco contra Vargas a partir de uma grosseira falsificação, a da Carta Brandi – na qual um deputado argentino, Brandi, confirmava a João Goulart entendimentos entre os peronistas e os trabalhistas, a fim de instalar uma república sindicalista no Brasil. Depois de exaustivas investigações, um Inquérito Policial Militar, conduzido pelo general Maurel Filho, conclui que o documento era falso. De denúncias em denúncias, Getúlio se viu acossado no Catete e foi levado ao suicídio.
Esvaziava-se, com os novos depoimentos colhidos pela Polícia Federal, a importância do chamado dossiê contra José Serra, mas não se arrefecia o ânimo destrutivo da oposição. Sexta-feira, quando redigíamos estas notas, circulava a informação de que, neste fim de semana, uma revista de circulação nacional traria mais denúncias contra o governo. Conta-se com a exigüidade de tempo para que os fatos não se esclareçam devidamente, e que a dúvida leve o pleito ao segundo turno. Estão colocando mais lenha na fornalha, o que não é o melhor que se pode fazer pelo país. Seja uma afoiteza de militantes do PT, seja complexa manobra de contra-informação dos oposicionistas, o fato deve ser exaustivamente investigado. Há muito mistério ainda a desvendar. Como informou a Folha de S.Paulo, o dossiê foi oferecido, ao mesmo tempo, ao PT e ao PSDB – e isso é mais do que estranho. Há ainda a informação de que o próprio Vedoin teria informado a Polícia Federal da existência do esquema.
Os poderes de fato tiveram, no Brasil, o seu momento mais alto entre 1995 e 2003, quando se acentuaram, em seu favor, as desigualdades históricas. Alguns meios de comunicação e círculos acadêmicos se uniram aos grandes interesses econômicos, estrangeiros e nacionais, para consolidar seu domínio sobre o Estado. Renunciamos ao nosso caminho e optamos por obedecer aos centros do poder econômico mundial. Os donos do mundo, livres do medo do socialismo, com a Queda do Muro de Berlim, se dispuseram a retornar ao velho regime do liberalismo do século 19, cujo programa é o de acabar com todos os direitos dos trabalhadores, reduzir os salários ao mínimo possível e saquear as riquezas das nações.
Se o governo a ser eleito será melhor ou pior, é outra discussão. O que a oposição deve entender é que a democracia se exerce assim, com votos, e não com chicanas jurídicas e conspirações golpistas.
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