06 setembro 2006

Investidores compram títulos do Brasil sem temer eleição

SÃO PAULO (Reuters) - A menos de um mês da eleição presidencial, importantes administradoras mundiais de fundos estão abocanhando títulos da dívida denominados em moeda local e bônus de empresas brasileiras, em um profundo contraste com a situação de quatro anos atrás, quando os papéis brasileiros despencaram antes da vitória de Luiz Inácio Lula da Silva.

Naquela ocasião, os investidores temiam que Lula, cujo partido (PT) havia anteriormente defendido a suspensão do pagamento da dívida externa do Brasil, levasse o país à moratória. Mas sob sua administração, a economia do país melhorou.

A Pimco, maior corretora de títulos e maior investidora em papéis de dívida emergente do mundo, e a ING Investment Management acrescentaram títulos brasileiros atrelados à inflação e títulos emitidos por exportadores brasileiros às suas carteiras. A F&C Asset Management comprou bônus globais brasileiros denominados em reais, com vencimento em 2016.

Tentando aproveitar essa demanda, o Tesouro brasileiro na quarta-feira ofereceu ao mercado 1 bilhão de dólares em bônus denominados em reais, com vencimento em 2022. Mais tarde, a oferta foi reduzida a 750 milhões de dólares.

"A situação atual é menos arriscada do que em 2002, e por isso os retornos para quem assume o risco são menores", disse em uma entrevista Curtis Mewborne, co-administrador do fundo de papéis de mercados emergentes da Pimco, que tem 30 bilhões de dólares sob administração.

Sob o governo de Lula, a inflação caiu a 3,82 por cento ao ano, ante 14,5 por cento, as taxas de juros são as mais baixas dos últimos 20 anos e o país registrou superávits em conta corrente pelos últimos três anos.

Os papéis brasileiros avançaram, e o rendimento, que se move em sentido inverso ao dos preços, está perto de uma baixa recorde --o que sinaliza que a confiança dos investidores vem crescendo.

O rendimento do bônus brasileiro com cupom de 11 por cento que vence em 2040, papel de maior liquidez no mercado de títulos emergentes, estava em 6,46 por cento na quarta-feira, ante pico de 25,63 por cento registrado em 30 de setembro de 2002.

Fonte: Reuters

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