07 setembro 2006

Entrevista de Lula ao Estadão


O Estado de São Paulo publicou uma longa entrevista, realizada por e-mail, com presidente Lula. Veja trechos dela:

Sobre governabilidade e maioria parlamentar, Lula diz que, se reeleito, vai assumir pessoalmente a construção de alianças que o governo tem que fazer para garantir uma base de sustentação no Congresso e levar adiante os projetos necessários para continuar mudando o Brasil. “Vou conversar com os aliados, com o PMDB, com outros partidos políticos e com os governadores. É assim que vamos construir as condições políticas para dar ao país a tranquilidade de que ele necessita.” Além disso, Lula reforça a urgência de uma reforma política -- “a mãe de todas as reformas” -- para fortalecer os partidos e a identidade entre o voto do eleitor e um projeto nacional. E afirma sua disposição de fazer “quantos acordos forem necessários com a oposição sobre questões de interesse nacional”.

Sobre as denúncias em investigação: “Fizemos tudo o que precisava ser feito: afastamos os supostos envolvidos, determinamos que a Polícia Federal e a CGU investigassem e não colocamos obstáculo a que as outras instituições, como o Ministério Público e o Legislativo – com três CPIs – também investigassem com total independência. O governo, por sua vez continuou a trabalhar em ritmo acelerado.”

Sobre o PT, afirma que o seu papel será liderar uma coalizão e ampliar o diálogo interno e externo, sempre sustentado por um programa de governo e, ao mesmo, tempo, afirmar suas posições com idenpendência dentro dessa coalizão. E acrescenta que os partidos aliados têm que sentir que suas propostas são contempladas na execução das políticas públicas, “cuja formulação não deve ficar restrita a este ou aquele grupo ou partido”. Em outro momento, Lula ressalta que o PT, em seus 26 anos, trouxe para a cena política atores que jamais tiveram voz no país e fez contribuições essenciais para a democracia e os direitos sociais.

Sobre a reforma tributária e os impostos, afirma o governo não aumentou impostos, apesar de ter aumentado a arrecadação. Ao contrário, reajustou duas vezes a tabela do imposto de renda, reduziu IPI sobre bens de capital e PIS/Cofins sobre a cesta básica e vários outros produtos e desonerou, no total, mais de R$ 19 bilhões em impostos. “Vamos continuar ajustando, setor por setor”. E afirma que não faltou vontade política do governo para aprovar a reforma tributária. “Em 2003, fui ao Congresso Nacional com 27 governadores para levar uma proposta. (...) No mês passado, fizemos novo esforço até a concessão de 1% a mais no Fundo de Participação dos Municípios. A oposição, porém, não quis votar”.

Sobre o balanço de seu governo, em diferentes pontos da entrevista, Lula ressalta que a desigualdade social foi reduzida, e que os números da PNAD, do IBGE, mostram que 4 milhões de brasileiros saíram da linha da miséria e outros 7 milhões migraram das classes D e E para a C. Afirma que não há milagres para reduzir o déficit da Previdência, mas que este ano, por conta da reforma e de outras medidas, ele caiu de uma previsão de R$ 50 bilhões para R$ 41 bilhões. Lula diz que o crescimento econômico trouxe e trará maior receita ao sistema e que projeto já enviado ao Congresso para reduzir alíquotas vai reduzir a informalidade.

Sobre perspectivas para o futuro, diz que não é o momento de pensar na equipe do segundo mandato (respondendo sobre a manutenção ou não de Henrique Meirelles no Banco Central); reafirma a expectativa de que o PIB cresça 4% este ano, com a casa arrumada, depois de 20 anos de baixo crescimento e desequilíbrio nas contas externas e internas. “A política econômica bem sucedida vai continuar, mas em condições de caminhar para uma taxa de crescimento mais vigorosa. É justamente aquilo que o Partido dos Trabalhadores sempre desejou para o país: crescimento, geração de emprego e distribuição de renda.”

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