15 setembro 2006

Rendimento real sobe em 2005 pela 1a vez desde 1996, aponta IBGE


O rendimento do trabalhador brasileiro teve no ano passado o primeiro aumento real desde 1996, enquanto o nível de ocupação cresceu, indicou o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) nesta sexta-feira.

Como o ganho foi maior entre os mais pobres, houve uma "pequena queda na concentração das remunerações".

A remuneração média mensal dos trabalhadores a partir de 10 anos de idade alcançou 805 reais no ano passado, alta de 4,6 por cento sobre os 770 reais de 2004. Ainda assim, a renda está 15,1 por cento abaixo da registrada em 1996, "ano em que alcançou seu ponto máximo desde o início da década de 1990".

Os dados constam da Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios (Pnad).

Segundo o IBGE, a melhora de 2004 para 2005 deveu-se à desaceleração da inflação e ao aumento do salário mínimo.

"Em 2005, o nível da inflação foi mais baixo que o do ano anterior e houve crescimento em setores importantes da economia, embora alguns fatores adversos tenham afetado o setor da agroindústria", avaliou.

LENTA DESCONCENTRAÇÃO

O aumento da remuneração foi mais significativo entre as pessoas de menor renda. Entre 2004 e 2005, os 50 por cento dos ocupados com as menores remunerações de trabalho tiveram ganho real de 6,6 por cento e a metade com os maiores rendimentos, de 4,1 por cento.

O levantamento apontou ainda que os 10 por cento dos ocupados com remuneração mais alta abocanharam 44,7 por cento do total dos rendimentos --fatia inferior à de 47,1 por cento vista dez anos atrás.

No caso dos 10 por cento com rendimento mais baixo, esse indicador saiu de 1,0 por cento em 1995 para 1,1 por cento.

"Esse último resultado contribuiu para a continuação da lenta tendência de declínio na concentração dos rendimentos", acrescentou o IBGE.

O índice Gini, que mede a distribuição do rendimento, passou de 0,585 em 1995 para 0,544 no ano passado, o menor resultado desde 1981. Quanto mais perto de zero o índice, melhor é a distribuição.

Em dez anos, esse indicador teve queda de 7 por cento.

OCUPAÇÃO CRESCE, MULHERES DESTACAM-SE

A sondagem mostrou também que o percentual de pessoas ocupadas entre a população a partir de 10 anos de idade passou de 56,5 por cento em 2004 para 57,0 por cento no ano passado.

É a maior leitura desde 1996 e equivale a 2,5 milhões de pessoas a mais com emprego.

"Com o aumento observado em 2005, o nível da ocupação desse ano superou todos os ocorridos de 1996 a 2004, mas ainda foi insuficiente para atingir o patamar existente na primeira metade da década de 1990", informou o IBGE.

O nível de ocupação feminina aumentou de 45,6 por cento em 2004 para 46,4 por cento, atingindo o maior nível desde 1992.

A Pnad 2005 ouviu 408.148 pessoas em 142.471 unidades domiciliares em todos os Estados.

A pesquisa é realizada anualmente, investigando de forma permanente os temas habitação, rendimento e trabalho, e com periodicidade variável, por meio de pesquisas suplementares, outros assuntos de caráter demográfico, social e econômico.

Fonte: Agência Reuters

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