17 setembro 2006

"Assou, trinchou e de-vo-rou FHC, McCarthy e a Folha de S.Paulo (nas urnas!) e foi ao cinema" [risos muitos]


Se se justapõem os três parágrafos abaixo, recortados da Folha de S.Paulo dos últimos dias, vê-se facilmente que FHC continua a operar como o profeta safado da direita mais atrasada no Brasil.

No início da semana, FHC deu o mote inicial: "O que se chama de esquerda hoje? É o antiamericanismo e a antiglobalização e o Estado." (De FHC, "Entrevista a Sérgio Dávila, Folha de S.Paulo, aqui.

Mote, sim, e muito banderoso! Ora essa! Comemorados já os 50 anos do que o mundo já sabe que foi a Primeira Guerra Fria e com o mundo já mergulhado no que já se sabe que é a Segunda Guerra Fria (e até o Papa já meteu os pés pelas mãos, desentendido nos rolos da Segunda Guerra Fria!), a verdade é que o mundo civilizado já sabe que está em construção, no planeta, um discurso político democratizatório que, sem ser 'radical' à moda dos barzinhos dos anos 50 e 60, é, sim, um pouco mais civilizatório e menos brucutu do que os discursos do famigerado Senador McCarthy!

De um lado, as sociedades contemporâneas já estão aprendendo a defender-se contra TODOS os brucutus - de direita e de esquerda. De outro, as sociedades já estão conseguindo NÃO ELEGER os brucutus mais brucutus. De um terceiro lado, as sociedades - operantes pela Internet e à margem, portanto, dos grandes jornalões-empresas - começam a aprender a criticar TODOS os brucutus à moda McCarthy, sejam 'sociólogos' tucano-uspeanos-pefelistas, sejam seus 'jornalismos' de araque, sejam os Bushes, Clintons, Kissinger, General Golbery, senadora HH (histérica-histérica), ACMs, Bornhausens e seja-lá o escambau que forem, que a direita tem mil caras.

Em pleno século 21, portanto, as sociedades estão avançando mais e melhor do que, até, as 'sociologias' academizadas e partidarizadas, do que as universidades que ainda deliram com a possibilidade de construir elites treinadas para operar contra a história e, também, contra um tipo de jornalismo que investe a grana dos acionistas no tresloucamento de que, pelos jornais, será possível enganar todos, todo o tempo.

Esses movimentos pelos quais as próprias sociedades, em todo o mundo, estão aprendendo a construir melhores democracias já são perfeitamente visíveis em praticamente toda a América Latina. FHC nada vê de nada disso, no Brasil-2006 pré-eleitoral.

Para FHC, toda a sociologia ocidental ainda parecer ser, exclusivamente, um instrumento de imbecilização das massas burras. FHC, em 2006, ainda usa a toga acadêmica para 'des-ensinar' a sociedade brasileira a avançar. FHC, em 2006, torra toda a sociologia brasileira... para ver se leva o Brasil, no gogó, de volta à Primeira Guerra Fria. Seria de rir, não fosse essa militância safada, de FHC, tão escandalosamente vergonhosa, até, para a sociologia universal.

Essa semana, FHC pautou, para toda a mídia paulista alugada à tucanaria uspeana pefelista, nada mais nada menos, que um discurso à moda da direita McCarthista mais doentia e mais imbecilizante.

FHC, num parágrafo histriônico, caricato, ridículo, 'construiu' o caminho que leva de volta, diretamente, ao McCarthismo dos anos 50 e ao prendo-mato-e-arrebento mais antiquado, ainda anticomunista à moda da Primeira Guerra Fria, do tempo em que a propaganda McCarthista fascista ensinava o mundo que comunista come criancinhas.

'Capitalisticamente' patético: "El metodo"

Chega a ser 'capitalisticamente' patético ler as entrevistas e cartas de FHC publicadas durante a semana passada na mídia-empresa brasileira, se se sabe que até o cinema hollywoodiano COMERCIAL do século 21 já sabe mais, sobre comunismo e capitalismo pós-gobal do que toda essa vã sociologia uspeana tucano-pefelista de araque e golpe.

Quem tiver dúvidas quanto a isso, que assista, hoje, nos cinemas, os ótimos "Obrigado por fumar"[1] e "O que você faria?"[2] - dois excelentes filmes globais - pq pagos com grana global e distribuídos planetariamente - e brilhantemente inteligentes e excelente entretenimento.

Esses dois filmes ensinam mais sobre o capitalismo e o comunismo pós-global, do século 21, que TODA a sociologia de araque dos FHC tucanos uspeanos pefelistas, enlouquecidos, no Brasil, por estarem sendo cuspidos para fora da história.

E o melhor: a tucanaria uspeana pefelista está sendo cuspida para fora da história, no Brasil-2006... pelo voto democrático dos eleitores brasileiros, em eleições legais, legítimas e perfeitas.

Se é sempre moralmente imundo alguém tentar acordar os fantasmas do atrasismo político mais militante (e, hoje, no Brasil, pra fins eleitoreiros os mais oportunistas e simplórios e banderosos), é absolutamente obsceno que um 'sociólogo' assuma a tarefa de dar o mote para TODOS os discursos da direita brasileira mais atrasista. Isso, contudo, foi o que fez FHC, pelos jornalões paulistas, sem nenhum pejo. Nem a 'sociologia' se peja. Nem os 'sociólogos' uspeanos se pejam. Nem os jornalões paulistas se pejam. O desenvergonhamento mccartista é total.

Atrasismo de 'sociologia'!

Já seria ruim se ficasse apenas nisso - em carta-chilique ou entrevista-chilique, de propaganda fascista de ex-intelectual e sociólogo fanado. Mas não ficou só nisso! Continuou, e cada vez pior.

Imediatamente depois de FHC dar o mote McCarthyista, em tom de Primeira Guerra Fria, toda a página 2 da Folha de S.Paulo veio no pio do ex-sociólogo e profeta safado da direita brasileira mais atrasista. Hoje, domingo, o ativo requentamento da Primeira Guerra Fria lá está outra vez.

Atrasismo de editorial!

O requentamento ingênuo e imbecilizante do discurso brucutu típico da Primeira Guerra Fria lá está, na Folha de S.Paulo primeiro, em editorial: "[Do] "rouba, mas faz" [passa-se] ao "rouba, mas é de esquerda" - eis uma aberração que, décadas depois de Lênin, Stálin, Trótski e Mao, reveste de tons de farsa a tragédia, que se esperava extinta, da cegueira militante." (Editorial, 17/9/2006, Folha de S.Paulo, p.2 na edição impressa; e na internet, aqui).

Atrasismo de colunagem marketada!

Em seguida, o mesmo ativo requentamento da Primeira Guerra Fria reaparece - OUTRA VEZ! -, na mesma página, no mesmo dia e no mesmo jornal, também na versão dondoca-marketada, pela pena de D. Eliane Cantanhede: "O mesmo sentimento anti-imperialista de setores brasileiros diante dos EUA é difundido na sociedade paraguaia em relação ao Brasil, assim: "Imperialistas por imperialistas, preferimos os EUA. Eles, pelo menos, soltam mais grana". (Eliane Cantanhede, "Mais uma frente de batalha", 17/9/2006, Folha de S.Paulo, p.2 na edição impressa; e na internet, aqui.
Temos de assar, trinchar, comer, de-vo-rar esses caras, com bom cinema, boa poesia e NOSSOS VOTOS DEMOCRÁTICOS!

Cabe aqui, lindamente democrática, a lição de um poeta chinês civilizado e civilizatório: "A gente mais ridícula do mundo são os 'sabidos' que, recolhendo de ouvido conhecimentos fragmentários e superficiais, têm-se por a "máxima autoridade no mundo", o que dá testemunho apenas da sua fatuidade. O conhecimento é problema da ciência e esta não admite nem a menor desonra nem a menor presunção. A ciência exige o contrário da presunção: exige honestidade e modéstia. Se quiseres conhecer, tens de participar na prática transformadora da realidade. Se quiseres conhecer o sabor de uma pêra, tens de transformá-la tu próprio, comendo-a."[3]

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NOTAS
[1] "Thank You For Smoking" [Obrigado Por Fumar], dir. e roteiro Jason Reitman, 2006, prod. EUA (em cartaz em São Paulo). Ficha técnica aqui

[2] "El método" [O que você faria?], dir. Marcelo Piñeyro, 2005, prod. España, Argentina e Italia (em cartaz em São Paulo). Ficha técnica aqui

[3] Mao Tse Tung, "Sobre a Prática (sobre a relação entre o conhecimento e a prática, entre o saber e o fazer)", julho de 1937. Na internet, aqui

Caia Fittipaldi

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