17 setembro 2006

Pará corre o risco de eleger um Senador com ligações históricas com a contravenção


O "Senador de Luta" periga deixar o Pará de Luto. O combativo slongan, utilizado por Mario Couto, candidato do PSDB paraense ao Senado, não diz exatamente ao que vem . O luto advem do risco do Pará eleger para a mais alta casa legislativa do país um político com um histórico e ligações com a contravenção, mais especificamente com o jogo do bicho.
Presidente da Assembleia Legislativa, concluindo o quarto mandato como deputado estadual, Couto candidatou-se ao Senado com o patrocinio irrestrito do ex-Governador Almir Gabriel , que há 12 anos vem mantendo direta ou indiretamente o controle sobre a administração estadual e, agora, aos 74 anos , tenta conquistar mais um mandato , o terceiro.
Na Assembleia , no princípio da década de 1990, protagonizou um episodio da mais abjeta baixaria , ao se deixar fotografar fazendo um gesto obsceno com o dedo médio a caminho de uma reunião a fim de fechar questão no apoio ao governo em uma votação polêmica . A foto foi publicada na primeira pagina de "O LIBERAL", um dos principais jornais da região, que hoje não exonomiza tinta para apoiar os candidatos do PSDB, Couto inclusive.
Se o que vale é o escrito , na homepage de Couto, aprende-se que o possivel futuro senador formado em Administração de Empresas pela UFPA, mas a primeira empresa que administrou de fato foi a "A FAVORITA" loteria zoológica local, uma próspera empresa do ramo da contravenção, com bancas de jogo distribuidas por toda a cidade de Belem e ramificações nos mais importantes municípios do Estado.
A exemplo dos melhores comandantes do bicho carioca, Couto tomou gosto pelo público ao ganhar visibilidade com a escola de samba Arco Iris , no bairro do Guamá, um dos mais populares de Belem, a qual dirigiu e continua mantendo excelentes relações.
Mario Couto tem base eleitoral nos municípios da Ilha de Marajó, mas antes de entrar na politica exerceu cargo de chefia da RodoBras e no antigo DNER. Sua carreira política foi pavimentada com o dinheiro arrecadado da Favorita.
Além da aproximidade com o submundo animal, as eleições do Pará são peculiares por outro aspecto. Simão Jatene, o que deixa o cargo, é o único governador do Brasil a não tentar a reeleição. Jatene preferiu abrir mão do cargo num acordo costurado com o antecessor Almir Gabriel.
Acordo tem suscitado algum receio no eleitorado, por razões óbvias, tem sido objeto de sátira no horario eleitoral gratuito, com os adversários criticando o que consideram uma "panelinha" entre dois aliados. A expectativa é de que Gabriel , decanon dos candidatos ao governo, retribua o favor devolvendo o cargo a Jatene, em 2010. Mas nas urnas o resultado é como no bicho: só se conhece depois de apurado.

Durkeim Hoffmann.

Nenhum comentário: